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O que esperar dos mercados de milho e farelo de soja neste 2º semestre

Os custos com a alimentação concentrada subiram em 2020, puxados pela alta do milho e do farelo de soja no mercado interno.

Esses são os principais alimentos concentrados utilizados na nutrição animal, em termos de energia (milho) e proteína (farelo de soja) e, por isso, acabam balizando os preços dos demais insumos para nutrição, como a polpa cítrica, o sorgo, o farelo de algodão, o caroço de algodão, entre outros.

Milho

Na região de Campinas (SP), o milho chegou a ser negociado acima de R$ 60,00 por saca de 60 quilos no primeiro quadrimestre do ano. Com a pandemia e ajustes na produção animal, a demanda caiu pontualmente e os preços recuaram para patamares próximos de R$ 50,00 por saca em maio, mas voltaram a subir em junho, com o dólar se valorizando fortemente.

Em meados de julho, os preços do milho perderam sustentação no mercado interno, com o avanço da colheita da segunda safra no país e o dólar recuando na comparação semanal.

No entanto, a antecipação da comercialização de boa parte da safra atual diminuiu a pressão de venda por parte do produtor, o que tem colaborado para preços mais sustentados em plena colheita. Veja a figura 1.

Figura 1.

Preços do milho grão em Campinas (SP), em R$ por saca de 60 kg, sem o frete.

Fonte: Scot Consultoria

Para o curto prazo (primeira quinzena de agosto), existe espaço para quedas nos preços do milho no mercado interno, em função do aumento da disponibilidade interna, com a colheita.

Entretanto, os recuos deverão ser limitados em função da menor pressão do lado de venda, como já citado, além do câmbio, que terá papel fundamental na precificação do cereal, em reais. Se o câmbio voltar a subir com mais força, a tendência é de preços mais firmes no país.

Para agosto em diante, a expectativa é de que o Brasil aumente gradualmente o volume exportado, o que pode dar maior sustentação às cotações no mercado interno em meados do segundo semestre.

É claro que o desempenho das exportações brasileiras vai depender do câmbio e da competitividade do milho brasileiro em relação ao grão dos Estados Unidos, principal concorrente nesse mercado.

Por fim, é esperada uma maior demanda por milho neste segundo semestre no mercado interno, puxada pela suinocultura e avicultura, principalmente. No mais, como uma boa parcela da safra 2019/2020 já foi negociada antecipadamente, para a entrega após a colheita, a tendência é de uma menor pressão de venda, o que também deve limitar os recuos nos preços.

Farelo de soja

Os preços da soja e do farelo de soja subiram consideravelmente em 2020, devido à demanda forte para exportação e alta do dólar.

Em Paranaguá (PR), a saca da soja em grão chegou a ser negociada a R$ 118,00 em meados de julho, 34,1% acima do registrado em igual período de 2019. Foi o maior preço nominal.

Já o farelo de soja foi negociado entre R$ 1,7 e R$ 2,0 mil por tonelada em julho, frente aos R$ 1,2 mil por tonelada em julho do ano passado, segundo levantamento da Scot Consultoria.

Além dos bons volumes exportados este ano, a demanda interna pelo grão tem melhorado desde junho, com a retomada das compras das indústrias de biodiesel, que vinham trabalhando com estoques mais baixos de óleo de soja, devido à queda da demanda por combustível, com as medidas de isolamento social. Com a flexibilização em alguns municípios e retomada gradual das atividades, o consumo interno melhorou, o que tem resultado em uma quantidade esmagadora de empresas saindo às compras.

Para o curto e médio prazos, a expectativa é de preços firmes para a soja em grão e farelo de soja e altas nas cotações não estão descartadas, considerando um cenário firme para o dólar. Se o câmbio recuar, os preços tendem a cair, mas limitados pela demanda aquecida.

No mercado internacional, a atenção é com relação à safra norte-americana (2020/21), em fase de desenvolvimento.

No relatório de julho, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou ligeiramente a produção norte-americana para cima. Foram estimadas 112,54 milhões de toneladas em 2020/21, frente às 1112,26 milhões de tonelada estimadas em junho. O volume é maior que as 96,68 milhões de toneladas colhidas na safra anterior (2019/20).

A partir de outubro, com o início da colheita nos Estados Unidos e, se confirmado o volume previsto, os preços podem ceder no mercado internacional.

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